Departamento de GEOGRAFIA

Indígena Suruí defenderá Doutorado em Geografia no dia 19 de abril

No próximo dia 19 de abril de 2024 a partir das 8h30min (horário de Porto Velho com transmissão pelo link https://www.youtube.com/live/5kpriH5FYlU?si=Qe8XDpmqzUh4Iaru), o discente Gasodá Wawaeitxapoh Suruí defenderá sua tese doutoral em Geografia intitulada "Gãrah esah dekah ter Paiter esah denah xiweh itxaweh esameh pid ayamah kah ani é(A natureza como representação simbólica no modo de vida Paiter e suas interações na territorialidade)".

O discente, cujo nome na língua Tupi Mondé tem os seguintes significados: Gasodá (roça cheia de produção) Wawaeitxapoh (caminho dos pajés) é o primeiro indígena nascido em Rondônia que conclui seu curso de Mestrado (concluído em 2018) e Doutorado na Universidade Federal de Rondônia. O primeiro curso teve apoio com bolsa da Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia - UNIR, enquanto o segundo com o apoio da CAPES/CNPq.

Ele criou o Centro Cultural Indígena Paiter Wagôh Pakob (Força da Natureza) que atende turistas, estudantes e comunidade em geral por meio de ações culturais do povo Paiter Suruí na Terra Indígena Sete de Setembro em Cacoal, também denominada Terra Paiterey Karah (território dos Paiterey). Em início de abril de 2024 foi empossado como o primeiro Superintendente Estadual do Indígena de Rondônia.

A tese de Gasodá apresenta como discussão: Os povos originários, desde o início, têm uma forte relação com a natureza, por isso se sentem como uma parte dela e ela uma parte dele. Por isso o relacionamento e sagrada como uma mãe. A natureza sempre oferece para os seus sustentos, elementos importantes e indispensáveis para a sua sobrevivência, como: caça, pesca, frutas, mel, medicinas sagradas para cura de enfermidades, matérias-primas para confecção das suas artes, águas limpas dos rios e igarapés para beber, tomar banho e preparar a alimentação que fortalecem a vida organizacional, social e cultural do povo.

O trabalho teve como objetivo fazer uma pesquisa junto ao povo Paiterey da Terra Indígena Sete de Setembro para compreender como e a construção do mundo Paiter Suruí através do conhecimento e da sabedoria que tem sobre a natureza que permitem a acessibilidade as suas marcas representativas e simbólicas para a sua territorialidade. Os conhecimentos que os Paiter detêm sobre a floresta, sempre foram passados de geração em geração através dos anciões e dos conhecedores da cultura que são os grandes doutores do conhecimento tradicional e ancestral do povo. Há qual sempre viveram há milhares de anos, muito antes do contato com a colonização de forma autônoma e independente com sua maneira própria de compreender o mundo conforme a sua cultura. E hoje como está esse conhecimento da natureza com esse processo de luta, de defesa pela garantia dos direitos a território, cultura, saúde, educação e o meio ambiente para garantir a melhor qualidade de vida para as futuras gerações Paiter Suruí.

Para Gasodá Suruí é uma imensa satisfação e gratidão pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UNIR ter contribuído com sua formação acadêmica e proporcionado meios para conquistar tal objetivo, ao tempo que gerou oportunidades, as quais serão relevantes para seu povo e demais populações originárias.